Do tijolo à cota: gigante do real estate aposta em fundos imobiliários
Sidney Angulo, referência no mercado imobiliário, relata migração parcial para FIIs e critica alavancagens excessivas

Em entrevista ao canal Clube FII, o empreendedor Sidney Angulo, sócio do Ebusiness Park — um dos maiores complexos empresariais de São Paulo — compartilhou sua trajetória de mais de quatro décadas no setor imobiliário e sua recente incursão no universo dos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs). A conversa foi conduzida por Rodrigo Cardoso de Castro, sócio-fundador da plataforma Clube FII.
Engenheiro civil por formação, Angulo contou como iniciou sua jornada no setor têxtil e, aos poucos, foi construindo um império imobiliário a partir de imóveis comprados e retrofitados na zona oeste da capital paulista. O ponto de virada veio nos anos 2000 com a aquisição da antiga fábrica da Siemens, que deu origem ao Ebusiness Park, um dos maiores complexos empresariais de São Paulo. A partir de 2020, já com o portfólio consolidado, Angulo conheceu os fundos imobiliários e ficou impressionado com a praticidade, a previsibilidade de renda e a governança democrática que encontrou nas assembleias de cotistas.

“A beleza do fundo imobiliário está na simplicidade com que você se torna sócio de grandes empreendimentos. Receber aluguel sem ter que lidar com enchente, reforma ou inquilino problemático é algo transformador”, declarou. Segundo ele, a experiência com FIIs trouxe aprendizados e também um novo entusiasmo com o mercado: “É como ser dono de um imóvel, mas com muito mais eficiência.”
Angulo destacou, no entanto, a necessidade de ser exigente com a qualidade dos fundos, principalmente em relação à alavancagem, considerada um dos pontos mais sensíveis. “Para fundo imobiliário, mais de 10% de alavancagem é palavrão”, afirmou. Ele alerta que muitos investidores não percebem os riscos embutidos nesse tipo de operação, especialmente quando os fundos distribuem renda com base em dívidas contraídas em períodos de juros artificialmente baixos.
Sobre as emissões abaixo do valor patrimonial (VP), Angulo diz não seguir o pensamento dogmático de parte do mercado: “Sou favorável, sim, desde que haja transparência, competência na gestão e justificativa sólida para a emissão. Dar um cheque em branco a um gestor qualquer é que não pode.”
Com aproximadamente 30 fundos na carteira, dos quais 90% são de "tijolo", Angulo mantém preferência por lajes corporativas, galpões logísticos e shoppings. Seu entusiasmo com os FIIs é tamanho que passou a incentivar também sua equipe e familiares a entrarem no mercado: “É divertido, democrático e educativo. Qualquer um pode aprender, começar pequeno e crescer.”
Ao fim da entrevista, Angulo reforçou que vê um futuro promissor para os fundos imobiliários no Brasil, tanto pelo potencial de expansão quanto pela mudança cultural que promovem: “FII é imóvel. Pode parecer abstrato, mas cada cota representa uma fração real de patrimônio. E, diferente do imóvel físico, dá liquidez e acesso a todos.”
A entrevista completa está disponível no canal do Clube FII no YouTube e pode ser assistida clicando aqui.