A Caixa Econômica Federal anunciou que vai lançar um Fundo de Investimento imobiliário (FII) com os imóveis dos Correios, em uma operação que levanta tanto interesse quanto cautela no mercado. A estratégia utilizada será a de 'sale and leaseback', um modelo já conhecido no setor. Na prática, os Correios vendem seus imóveis para o fundo e, simultaneamente, assinam um contrato de locação para continuar utilizando esses mesmos espaços. Para a estatal, a vantagem é clara: transformar patrimônio imobilizado em liquidez imediata, sendo que esse capital pode ser usado nas atividades principais da companhia, como a quitação de dívidas, sem interromper suas operações. "A estatal pode continuar usando os imóveis, sem interrupção na sua operação", ressalta Lana Santos, analista do Clube FII.

Contudo, a notícia gera um debate crucial sob a ótica do investidor. O principal ponto de atenção é a concentração de risco em um único locatário: os Correios. A empresa, além de ser uma estatal, fechou o primeiro semestre com um déficit recorde, o que acende um alerta sobre sua capacidade de pagamento a longo prazo. Além disso, o histórico da companhia inclui disputas judiciais com outros fundos imobiliários, adicionando uma camada de insegurança jurídica à análise. "Você invistiria em um FII que tem como único locatário uma empresa estatal deficitária que fechou o primeiro semestre do ano com o maior rombo da história e que já tem um histórico de disputas judiciais com outros FIIs da indústria?", questiona Santos.

A questão que fica para o mercado é se a estrutura e as garantias contratuais da operação serão suficientes para mitigar os riscos associados ao perfil do inquilino. O futuro FII representa, portanto, um caso clássico de avaliação de risco versus retorno, onde o investidor precisará ponderar cuidadosamente a saúde financeira e o histórico de governança da estatal antes de tomar uma decisão. Você pode assistir ao vídeo completo sobre  tema  disponível no canal do Clube FII no YouTube clicando aqui.