IGP-M cai 0,95% em abril
Principal índice de reajuste de aluguéis recua após ter ficado perto da estabilidade em março, a 0,05%. Veja qual o impacto nos Fundos Imobiliários e Fiagros
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) caiu 0,95% em abril, após registrar ligeira alta de 0,05% em março, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em 2023, o índice apresenta taxa negativa de 0,75%. Nos últimos 12 meses, o acumulado é de baixa de 2,17%.
Em abril de 2022, o índice havia subido 1,41% e acumulava alta de 14,66% em 12 meses.
“Os preços de importantes commodities para o setor produtivo seguem em queda. Soja (queda de 9,34%), milho (baixa de 4,33%) e minério de ferro (recuo de 4,41%) abrem espaço para descompressão dos custos de importantes segmentos varejistas favorecendo a chegada desses efeitos nos preços ao consumidor”, afirmou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV.
O que acontece com os Fundos Imobiliários?
Segundo Arthur Vieira de Moraes, professor de Finanças e sócio-diretor do Clube FII, a deflação do IGP-M foi maior do que o esperado e tem efeitos diversos no mercado de Fundos Imobiliários e para os Fiagros, os Fundos de Investimentos das Cadeias Produtivas Agroindustriais.
“Inicialmente, para os FII de papel com títulos indexados ao IGP-M, deve levar a uma provável diminuição dos rendimentos, mas que só será percebida nos próximos meses”.
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Moraes chama a atenção para a importância do investidor saber que, desde já, essa provável queda de rendimentos não será por conta de problemas com os CRI, mas apenas em função da variação do índice de reajuste.
Já para os FII de tijolo (com carteira formada por imóveis), os contratos de locação são reajustados somente em intervalos de 12 meses e, portanto não se espera impactos imediatos.
Mas o especialista destaca que, para os Fiagro, o ponto de atenção é que boa parte do resultado do IGP-M é justificada pela queda dos preços das commodities agrícolas, o que impacta também o preço das terras e o faturamento dos produtores rurais.
“A maioria dos CRA [Certificados de Recebíveis Agropecuários] é indexada ao CDI, portanto não deve haver alteração de rendimentos. No entanto, sabendo que os devedores dos CRA estão faturando menos, podemos intuir um aumento do risco de crédito para tais fundos”.
Por fim, Moraes afirma que a situação atual leva a uma lição daquelas que vêm com o tempo.
Em 2021, quando o IGP-M estava em nível elevado e chegou a acumular alta de mais de 30%, muitos inquilinos e devedores de títulos como CRI e CRA solicitaram a mudança do indexador para o IPCA e passaram a evitar o índice para novos contratos. Hoje, o IGP-M está bem abaixo do IPCA.
“Quem pediu a mudança de indexador pode estar arrependido por ter tomado decisões baseadas apenas em impactos de curto prazo. A diversificação será sempre a melhor saída, até para indexadores”, conclui.