Apenas 58% dos condomínios logísticos previstos para entrarem no estoque foram entregues em 2024
Bruno Ackermann e Giancarlo Nicastro comentam os números e trazem insights sobre as entregas do ano passado

Nem sempre as expectativas correspondem à realidade. Às vezes, somos surpreendidos, mas o mercado não é uma ciência exata. A equipe de inteligência da SiiLA analisa e calcula, a cada trimestre, os empreendimentos que serão entregues dentro de um determinado período. No entanto, como mencionado, não há previsões infalíveis.
No mercado de condomínios logísticos em São Paulo, foram entregues cerca de 820 mil m² ao longo de 2024. No início do ano, a projeção era de 1,41 milhão de m², o que significa que apenas 58% do previsto foi efetivamente concluído.

Para Giancarlo Nicastro, CEO da SiiLA, esse cenário pode ser analisado de duas formas. Pelo lado positivo, o mercado manteve-se equilibrado, uma vez que as entregas dependem de fatores como aprovações e demanda. Dessa forma, não houve um excesso de novos empreendimentos além da necessidade do setor.
"Entre 2023 e 2024, houve uma redução na vacância, que passou de 11% para 8,9%, ou seja, os espaços estão sendo ocupados. Os 58% entregues podem ser encarados como um dado positivo para o mercado imobiliário, pois demonstram um equilíbrio entre oferta e demanda. O mercado seguiu abastecido sem um excesso de novos projetos", explica.
Por: SiiLA
Por outro lado, Nicastro aponta um aspecto negativo, que afeta especialmente as construtoras. "Essa situação é resultado de diversos fatores, como problemas em aprovações, atrasos em obras, mudanças na legislação municipal e outras questões semelhantes."
Ao todo, foram entregues 19 empreendimentos em 2024, sendo cinco apenas no 4T. Os mais recentes foram o Golgi Mauá, o qual somou 116,4 mil m², e a fase 2 do Cy.Log Guarulhos, que acrescentou mais 107 mil m² ao estoque de ativos A+ e A no mercado.
O que esperar de 2025?
Bruno Ackermann, sócio e head de logística da Cy Capital, empresa que entregou empreendimentos em 2024, afirmou ao Resource que pode haver maiores dificuldades para novas entregas em 2025, devido à taxa de juros.
"Ano passado, a diferença entre o projetado e o entregue foi grande, mas eu não acredito que a principal causa tenha sido a taxa de juros. Ela pode ter influenciado, mas fatores mais técnicos tiveram um peso maior. Já neste ano e, talvez, no próximo, a taxa de juros deverá ter um impacto mais forte, pois influencia diretamente as decisões de investimento dos players", explica.
Ackermann destaca que o impacto da economia no mercado de galpões logísticos ocorre com um certo "delay".
"Por exemplo, os galpões entregues no ano passado provavelmente começaram a ser construídos no ano retrasado ou até antes. Isso significa que a taxa de juros vigente naquele momento foi o fator que impactou aquelas entregas. Já a alta de juros do ano passado deve afetar as entregas deste ano e do próximo", conclui.