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    Mercado Imobiliário

    Nova lei de inspeção predial no mercado imobiliário comercial

    Descubra como o mercado pode ser impactado a curto e longo prazo por essa nova regulamentação

    Por ClubeFII
    quarta-feira, 26 de novembro de 2025 Atualizado ontem

    No último mês, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania aprovou o Projeto de Lei 6014/2013, que institui a Inspeção Predial Obrigatória em edifícios públicos e privados, exceto residências unifamiliares. A medida altera diretamente a gestão de ativos imobiliários, afetando práticas de governança, valuation, operação e mitigação de riscos em empreendimentos corporativos.

    Para entender melhor o impacto da proposta, o Resource entrevistou Rejane Berezovsky, vice-coordenadora da Câmara de Inspeção Predial e autora do livro Check Up Predial: Guia da Boa Manutenção.


    "A inspeção predial não é por mercado é por segurança"


    Logo no início da conversa, Berezovsky destaca a motivação central da lei: a falta de cultura de manutenção preventiva no Brasil. "Isso faz com que pequenos problemas evoluam para situações de risco e custos muito maiores. A lei vem para criar um processo contínuo de verificação da condição real do edifício algo que já é consolidado em países europeus e nos Estados Unidos."


    Ela explica que o modelo atual, baseado em ações emergenciais, é justamente o que encarece reformas. E exemplifica: "Um exemplo simples é o subsolo: quando há infiltração, muita gente coloca bandejas para desviar a água e proteger os carros. Mas a água continua entrando, corroendo a armadura da laje. Sem manutenção preventiva, o colapso é só questão de tempo. E quando chega nesse ponto, o custo não é mais só de impermeabilização, vira recuperação estrutural."


    Periodicidade e impacto


    A periodicidade das inspeções não será fixa e deve variar conforme regulamentações municipais. Berezovsky reforça que a idade do prédio não é o fator principal de avaliação:
    "Um prédio antigo pode estar muito bem cuidado e um novo pode ter problemas sérios. Síndicos, administradores e gestores condominiais respondem civil e criminalmente por negligência."

     

    Mercado corporativo e transações

     

    Para o segmento corporativo, a especialista prevê efeitos positivos. Problemas recorrentes em edifícios comerciais, como subdimensionamento elétrico ou hidráulico, falhas de impermeabilização e patologias de fachada, tendem a se tornar menos frequentes.


    "Ainda vemos muita maquiagem em laudos superficiais e a inspeção evita comprar um ativo diferente do que está sendo apresentado. Com a lei, ela passa a integrar o compliance das transações: empresas e investidores vão exigir laudos para negociar, trazendo previsibilidade e confiabilidade aos ativos."


    Do ponto de vista financeiro, ela reconhece que pode haver aumento inicial de custos para padronização, mas destaca que a médio e longo prazo, a inspeção traz economia e previsibilidade.


    "Ela permite criar um plano de manutenção que evita emergências, prolonga o ciclo de vida do prédio e melhora o valuation. Deixa de ser um ônus e vira um benefício claro. Isso pode virar diferencial competitivo: planos centralizados, cronogramas de manutenção, prioridades claras e previsibilidade".


    Retrofit e tendências


    A lei também deve influenciar operações de retrofit e adaptações às novas demandas, como a crescente instalação de carregadores para veículos elétricos.


    "O retrofit deixa de ser apenas maquiagem para reposicionamento e passa a atender a demandas técnicas. Nas regiões mais valorizadas, ele seguirá servindo ao mercado, mas também será impulsionado por questões estruturais e de manutenção que a inspeção vai evidenciar."
    Sobre os carros elétricos, ela enfatiza:


    "Carro elétrico não é só instalar uma tomada. Envolve cálculo de demanda de energia, temperatura, isolamento, normas do Corpo de Bombeiros e riscos de incêndio. Muitos prédios ainda não entenderam a complexidade disso. A inspeção predial traz esse tema para dentro da gestão técnica do edifício."


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