Assembleia de titulares decide medidas contra inadimplência da Gramado Parks
Ação de execução extrajudicial, inquérito policial e representação no Ministério Público de queixa-crime estão entre as deliberações dos detentores de títulos de crédito sem pagamento

Uma assembleia de titulares de instrumentos de crédito relacionados ao grupo Gramado Parks determinou medidas sobre a inadimplência do conglomerado com as obrigações financeiras de até 11 Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) que financiaram projetos turísticos e imobiliários do grupo com atuação nos estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Os comunicados não informam o montante da dívida dos CRI que fazem parte do portfólio dos Fundos Imobiliários Hectare CE (HCTR11), Versalhes Recebíveis Imobiliários (VSLH11) e Devant Recebíveis Imobiliários (DEVA11).

Os títulos foram emitidos pela Forte Securitizadora para crédito de Aquan Prime, GVI, GPK II e Gramado BV, todos empreendimentos do grupo Gramado Parks.
Ainda de acordo com os comunicados, a assembleia composta por titulares dos CRI decidiu pela exigência da recompra total dos créditos imobiliários, declaração de vencimento antecipado total das debêntures e recompra total e vencimento antecipado da CCB (Cédula de Crédito Bancário).
Outra decisão da assembleia foi o ajuizamento de ação de execução de título extrajudicial junto à cedente, devedora e fiador dos CRI, execução das garantias, defesa da securitizadora como administradora do patrimônio separado, além de pedido de instauração de inquérito policial e representação junto ao ministério público de queixa-crime.
Os titulares dos CRI também decidiram pela contratação do escritório de advocacia Sérgio Bermudes para representar a emissora como administradora do patrimônio separado.
O patrimônio separado é o conjunto de ativos (valores mobiliários, imóveis e direitos) que não podem ser misturados aos demais bens de um titular.
A Oliveira Trust, agente fiduciária nas operações, questionou a emissora e alguns titulares de CRI sobre conflitos de interesse pela participação na assembleia, de acordo com os comunicados.
O questionamento foi refutado, de acordo com o comunicado, com o argumento da destituição da R Capital pelos cotistas do Fundo Serra Verde (SRVD11) – Fundo Imobiliário detentor do Gramado Parks - da função de gestora e a substituição pela gestora Catalunya, com sede em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A medida ocorreu em 1 de maio.
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Os fundos detentores do SRVD11 no portfólio reportaram perdas na reavaliação dos ativos em carteira.
Já os empreendimentos da Gramados Parks sofreram uma reavaliação negativa em mais de 98%.
Em 22 de março, o grupo Gramado Parks havia conseguido na justiça a suspensão por 60 dias do pagamento das obrigações referentes a títulos de crédito em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) estruturados pela Forte Securitizadora e lançados a mercado para investidores.
Na época, o Clube FII apurou 14 Fundos Imobiliários com este ativo presente nas carteiras em um total de R$ 1,33 bilhão.
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As cotas dos FIIs expostos ao Gramado Parks tiveram forte desvalorização na B3.
Em 31 de março, um juiz do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul declarou extinto o processo em que o grupo tinha o período de dois meses de suspensão para o pagamento de obrigações financeiras relacionadas aos CRI.