Galpões de 10 a 25 mil m² lideram demanda no mercado logístico brasileiro
Na pandemia eram os megagalpões. Hoje, o destaque vai para o modelo flexível e estratégico que está dominando o mercado


No mercado de condomínios logísticos brasileiros, um padrão tem se consolidado: os imóveis com metragens entre 10 mil e 25 mil m² vêm ganhando protagonismo. Essa faixa foi a mais locada no primeiro trimestre de 2025 e, segundo dados da SiiLA, vem liderando entre as faixas mais locadas desde o início de 2023, conforme indica o gráfico a seguir.
Por: Siila
Segundo dados do Market Analytics, da SiiLA, neste primeiro trimestre de 2025 a absorção bruta de galpões logísticos das classes A+, A e B atingiu 983,9 mil m² no Brasil. Boa parte desse volume está concentrada justamente nessa faixa de metragem - que equilibra custo, capilaridade e eficiência operacional.
Por que essa metragem é tão atrativa?
Galpões entre 10 mil e 25 mil m² oferecem flexibilidade e escalabilidade. São grandes o suficiente para suportar operações robustas e pequenos o bastante para facilitar a distribuição regional e viabilizar contratos mais acessíveis. Essa combinação se mostra ideal para operadores logísticos, e-commerces e empresas que estão expandindo gradualmente sua atuação.
Durante a pandemia de COVID-19, esse padrão se alternou com um pico de grandes locações. Entre 2020 e 2022, especialmente no auge do consumo online. Gigantes como Mercado Livre, Amazon e Shopee lideraram locações em metragens acima de 50 mil m², com muitos contratos superando 75 mil m².
2024 e 2025: cautela, mas sem retração
Por: Siila
Nos últimos anos, houve uma leve queda nos volumes de absorção se comparado com o pico de 2021, mas o movimento é interpretado como um ajuste natural das operações - não como sinal de retração. Há novos empreendimentos em desenvolvimento, e o mercado permanece com potencial de crescimento, segundo a equipe de inteligência da SiiLA.
O contexto macroeconômico, com a taxa Selic elevada a 14,75% ao ano pelo Copom em maio, impõe desafios. A alta dos juros impacta o crédito, o consumo e a expansão empresarial. Estudos do próprio Banco Central indicam que um aumento de 1 ponto percentual na Selic pode elevar a dívida pública bruta em mais de R$ 50 bilhões por ano.
Para a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), esse efeito cascata afeta diretamente o setor produtivo, encarecendo insumos, travando investimentos e comprometendo a geração de empregos.
Apesar da conjuntura desafiadora, a expectativa é que, com a estabilização da economia e eventual recuo da taxa de juros, o setor logístico retome a curva de expansão. E a tendência é clara: os galpões entre 10 mil e 25 mil m² devem seguir como os mais buscados, combinando estratégia operacional, custo-benefício e flexibilidade para um mercado cada vez mais dinâmico.