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    A guerra na Ucrânia pode afetar os Fundos Imobiliários?

    O Clube FII News buscou especialistas da indústria FII para saber os riscos que envolvem os cotistas de FIIs

    Por Luciene Miranda
    quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022 Atualizado

    O mundo assistiu perplexo à invasão russa do território da Ucrânia mesmo após intensa negociação diplomática por parte de autoridades direta ou indiretamente envolvidas no conflito.

     

    A reação dos mercados foi imediata. Hoje (24), o Ibovespa e o IFIX - o índice de Fundos Imobiliários da B3 - operam em queda. O principal índice de FIIs do país chegou a operar em 2.698 pontos com uma queda de 1,13%.

     

    A guerra na Ucrânia pode afetar os Fundos Imobiliários?

     

    Neste contexto, a inflação oficial medida pelo IPCA que já está elevada nos últimos 12 meses, terá novos componentes de pressão, lembra Thiago Otuki, economista do Clube FII. Isso ocorre porque os combustíveis e transporte têm grande peso no IPCA.

     

    Já o petróleo disparou alta acima de 8% com o barril cotado acima de US$ 105,00 pela manhã desta quinta-feira porque a Rússia é o segundo maior produtor e exportador da commodity no mundo, atrás dos Estados Unidos. A Europa depende do petróleo e do gás natural russos.

     

    Otuki ainda cita o dólar que vinha em tendência de queda e até flertou um preço abaixo de R$ 5,00.

     

    “Hoje, a moeda norte-americana voltou a subir e é cotada a R$5,14”, pontua.

     

    O economista ainda chama a atenção para as análises de especialistas em agronegócio que apontam Rússia e Ucrânia juntas como parte relevante das exportações de outras commodities importantes como o trigo e o milho.

     

    “É bom lembrar que o IGP-M - que reajusta a maioria dos contratos de aluguel - sofre impacto do dólar e dos preços agrícolas”.

     

    Esse cenário tende a pressionar a inflação e, consequentemente, levar o Banco Central a elevar a taxa Selic mais do que o esperado e por um tempo maior, alerta Otuki.

     

    A principal referência de juros longos para o mercado de FIIs já é negociada hoje na máxima dos últimos 12 meses de 5,81%. Em dezembro, chegou a ser negociada com uma taxa abaixo de 5%.

     

    Por isso, e economista acredita na manutenção da tendência de melhor resultado para os FIIs de recebíveis imobiliários que têm títulos indexados ao IPCA, IGP-M e Selic/CDI.

     

    “Esse repasse é rápido para os rendimentos dos investidores. Já os FIIs de tijolo sofrem com a elevação dos juros longos e a expectativa de um crescimento econômico menor afeta o mercado imobiliário. Em uma economia mais fraca, fica mais difícil reduzir a vacância do segmento corporativo, por exemplo”, explica.

     

    Giuliano Bandoni, gestor de Fundos Imobiliários da Rio Bravo, chamou a atenção para o comportamento imediato de reação ao início da guerra não só do mercado de FII, mas de outros ativos de risco que é de aversão ao risco por parte dos investidores, com forte volatilidade dos preços.

     

    “Sempre que há um evento de estresse como esse, a gente tem um movimento dos investidores tirando dinheiro de ativos de renda variável – ações e Fundos Imobiliários – e alocando em ativos que são seguros, como o ouro e o dólar”.

     

    Para Bandoni, a atenção dos mercados agora é sobre quais serão as sanções impostas pelos países do ocidente. É esperado um ajuste para baixo no crescimento global, principalmente das economias desenvolvidas e da Europa – além de um efeito inflacionário.

     

    “Esse aumento da inflação pode ser traduzido pelos bancos centrais ao redor do mundo como um aumento de juros. O impacto no mercado de Fundos Imobiliários é que a economia desenvolvida sobe juros e você tem uma redução da liquidez e uma realocação de capital saindo de ativos de risco, inclusive FIIs”.

     

    O gestor acredita que o reflexo aqui no Brasil poderá ser uma quebra na cadeia de suprimentos, além de outros pontos que fariam maior pressão sobre a inflação brasileira.

     

    “Aumento do câmbio, alimentação e de commodities como o petróleo e o gás natural trazem impacto à nossa cesta de produtos e podem estender a elevação da taxa básica aqui pelo Banco Central, o que é ruim não só para os Fundos Imobiliários, mas para qualquer ativo de risco”.

     

    Bandoni alerta sobre a necessidade do investidor ponderar se vale a pena ou não o valor em que um fundo é negociado.  

     

    “Em se tratando de fundos de tijolo, é importante saber se é um momento de estresse e de 'sell off' – venda geral – de mercado, mas que pode abrir boas oportunidades para os investidores que conseguem ser mais racionais neste momento”, conclui.

     

     


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