Professor Mira compra 10% do Clube FII
Conheça os planos do novo sócio da maior plataforma de dados de Fundos Imobiliários do país, além da trajetória deste educador financeiro que conquistou a internet

O raciocínio é rápido para criar explicações muito simples a temas de finanças complexos para a maioria das pessoas.
Eduardo Mira – ou simplesmente Professor Mira como ficou famoso nas redes sociais – desenvolveu a capacidade de oratória por meio de um mix de experiências.
Começando pela origem simples na periferia do Rio de Janeiro: o menino Eduardo não foi trabalhar cedo na vida ou embalou no submundo, destinos comuns às crianças com a mesma realidade.
Ao contrário, Mira teve pai que exigia exclusividade do tempo para os estudos.
"Estudei uma boa parte do tempo em colégio particular porque meu pai se humilhava para as freiras para pedir bolsa", conta.

Quando adulto, Mira trabalhou no segmento de Telecom e logo foi direcionado à tarefa de capacitação de profissionais.
Buscou capacitação na faculdade de Telecomunicações, mas com o incentivo da esposa, prestou concurso para trabalhar no Banco do Brasil em busca de oportunidades já no segmento financeiro.
Conseguiu a certificação CNPI, mas a instituição não abriu espaço para a vocação de lecionar.
Assim que conseguiu a independência financeira por meio de diversos investimentos, Mira pediu demissão. Ingressou na corretora Modal onde foi influenciador digital por alguns anos cuidando de redes sociais, mídias e parcerias. Em seguida, seguiu carreira solo ganhando popularidade rapidamente.
Nesta caminhada, a parceria com a educadora financeira Nathalia Arcuri do canal do Youtube Me Poupe foi estratégica para a consagração.
Atualmente, Mira tem 400 mil seguidores no Instagram, 136 mil inscritos no Youtube, diversos investimentos no mercado financeiro, imóveis, participações em empresas e, mais recentemente, adquiriu 10% do Clube FII, plataforma de dados, conteúdo e cursos de Fundos Imobiliários onde será membro do conselho e desempenhará papel fundamental na ampliação do número de usuários que hoje já supera os 300 mil.
Acompanhe esta entrevista inspiradora sobre o caminho de Eduardo Mira até o sucesso.
Clube FII News (CFN): Como começou sua história com o Clube FII?
Eduardo Mira (EM): Eu e o Rodrigo [Cardoso de Castro – CEO] conversamos pelo Whatsapp há mais de seis anos, desde que eu ainda estava no Banco do Brasil já como profissional do mercado financeiro. Sempre achei muito bacana o trabalho do Clube FII. Quando estava na Modal, começamos a pensar em uma parceria. Ele chegou a ir à corretora algumas vezes, mas não rolou por conta da própria instituição.
Saí da Modal e sempre ficou muita amizade com o Rodrigo, fazíamos lives juntos, e o convidei para dar aulas nos meus cursos. Sempre achei que o Clube FII tinha muito potencial. Lembro que, no ano passado durante uma conversa, falei que queria comprar um pedaço do Clube FII e ele me falou da reestruturação e da entrada de um fundo. Vi que ainda não era a hora, mas sempre ficou a amizade.
No final do ano passado, fui apresentado ao Felipe Guinle [Co-CEO do Clube FII] e fomos trocando ideias. Foi natural essa possibilidade de me tornar sócio e comprar um pedaço do Clube FII. Eles me abriram essa possibilidade de comprar 10% da empresa.
Eu sempre acreditei e vejo o potencial que pode ser desenvolvido. Eu tenho expertise justamente naquilo que pode desenvolver o Clube FII. Pra mim, é muito cômodo e fácil porque é tudo que eu sempre fiz. Eu tenho potencial de desenvolver diversas linhas de receita porque eu sou um analista, então, é minha obrigação saber analisar. Eu olho todas as minhas linhas de receita e vejo tudo aquilo que o Clube FII pode fazer.
Se tudo isso se desenvolver, o faturamento cresce, o valuation do Clube FII aumenta e o meu equity, ou seja, a minha participação, também valoriza. No final das contas, comprei um ativo que eu acho que vai valorizar. E eu tenho como fazê-lo valorizar.
Professor Mira ao lado do CEO do Clube FII, Rodrigo Cardoso de Castro, e do sócio Arthur Vieira de Moraes: "Eu sempre acreditei e vejo o potencial que pode ser desenvolvido" (Foto: Arquivo pessoal)
CFN: A sua facilidade de comunicação é uma vocação. Para você, é uma tranquilidade explicar e atingir um público amplo com linguagem muito simples para assuntos complexos. Isso é nato ou você buscou capacitação para desenvolver isso?
EM: Não digo que seria um dom, mas já ouviu aquela teoria de que se você fizer uma coisa por mais de 10 mil horas, acaba aprendendo? Eu estava na faculdade com 20 anos de idade, curso de tecnólogo em Telecomunicações. No primeiro período, eu apresentei um trabalho para a professora Natali. Ela me perguntou: “Já pensou em ser professor?”. Na época, não vi o menor sentido. Mas, eu fui me apaixonando pela ideia e, antes do final da faculdade, eu já estava dando aulas.
Quando terminei o curso, vi que eu não poderia ser técnico e teria que pensar no outro lado, o de humanas. Fui fazer pós graduação em Pedagogia Empresarial. Eu já dava aulas e nunca mais parei. Já são mais de 20 anos dando aula, então, eu falo com o público há 20 anos. Por isso, o meu exercício diário sempre foi – e sempre me policiei muito – conseguir e tentar falar para pessoas de todos os níveis de conhecimento. Sempre me forcei e me obriguei a ter um diálogo com as pessoas que não sabem nada sobre aquilo ali – e é direito delas não saber.
É minha função como educador ter toda a didática e paciência do mundo com alguém que não sabe e está buscando. Não tenho que julgá-las, nem exigir nenhum tipo de conhecimento. Toda vez que eu acho que estou evoluindo muito no papo, eu volto, tento buscar para ter sempre aquele fio condutor da ideia principal, mas de forma que qualquer pessoa entenda. Quando trabalhei no Banco do Brasil, era gerente na agência UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Então, doutores e pós-doutores entre os professores eram centenas. Todos eles mega ultra especialistas naquilo ali que conhecem. No resto, não são ultra especialistas.
Então, todo mundo acaba sendo um pouco leigo em algumas coisas. As pessoas não têm obrigação de saber. Eu é que tenho obrigação de explicar melhor. Sempre me cobrei para ser cada vez melhor nessa explicação. Para isso, além da pós em Pedagogia, fiz MBA em Gestão de Investimentos há uns cinco anos.
Professor Mira: "Os Fundos Imobiliários, na minha visão, são essencialmente a melhor forma de investimento para o leigo" (Foto: Arquivo pessoal)
CFN: Outra vocação é estar atualizado sobre os canais de comunicação e as tendências. Como você faz isso? Conta com alguma assessoria?
EM: Para essas mídias digitais, não sou a melhor das pessoas. Até hoje, eu não me entendi com o tal do Tik Tok. Isso é algo que vou desenvolver esse ano e estou montando uma equipe justamente para essa atuação nas mídias sociais. Eu me preocupo em entender o mercado, como as coisas ocorrem, criar uma expectativa para o que vai acontecer. Isso tudo é muito fácil. Leva um tempo para as pessoas entenderem que tudo é simples e meio que se repete, mas a espinha dorsal de tudo isso é muito simples.
Toda segunda-feira, a gente tem o Boletim Focus que eu sempre leio e explico para as pessoas e estou sempre atualizado com as expectativas de mercado. Toda primeira sexta-feira do mês tem o payroll que é o dado de emprego norte-americano. São coisas que a gente sabe que vão acontecer. A cada 45 dias, tem reunião do Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central – para a definição da taxa de juros. Mais ou menos nesse período tem reunião do banco central americano, o Fed, e esse movimento de taxa de juros – de alta e baixa – é que dá a dinâmica da economia, tanto no Brasil, quanto no resto do mundo.
Quando você entende isso, qual a expectativa e se vai subir ou cair, você sabe como todo o mercado vai se comportar.
Professor Mira e família: "Eu brinco que levei 40 anos para dar certo do dia pra noite" (Foto: Arquivo pessoal)
CFN: Mira, me conta um pouco sobre sua história. Sei que você tem uma história de superação desde sua infância. Como você chegou até aqui e ser o Professor Mira tão popular?
EM: Eu brinco que levei 40 anos para dar certo do dia pra noite. Sou nascido no Rio Comprido, um bairro mais da região central ds cidade do Rio de Janeiro, cercado por favelas. Morávamos na primeira casinha do Complexo do Turano que foi da minha vó Irene na década 1940. Eu tive muita privação. Lembro que, até os 18 anos, a maioria das roupas que eu usava eram dadas pelos outros. Eram doação.
Morava num barraquinho bem precário e passei por toda dificuldade que você imagina por ser pobre. Estudei uma boa parte do tempo em colégio particular porque meu pai se humilhava para as freiras para pedir bolsa. E aí, era mais um antagonismo: pobre, bolsista, favelado, sofrendo bullying. E passei por tudo. O único objetivo que eu tinha na vida era de sair da favela e ser rico.
Com 18 anos, pensei: agora posso trabalhar e fazer as coisas. Meu pai nunca quis que a gente trabalhasse antes por conta dos estudos. O objetivo era poder, pelo menos, estudar. E acho que vem daí a importância que dou à educação.
A infância na cidade do Rio de Janeiro: "Morava num barraquinho bem precário e passei por toda dificuldade que você imagina por ser pobre" (Foto: Arquivo pessoal)
Com 17 anos, já tinha juntado uns trocados lavando carros ou fazendo uma coisa ou outra e abri uma conta poupança. Minha mãe foi comigo a uma agência do Bradesco porque eu já tinha na minha cabeça que precisava juntar dinheiro, fazer o dinheiro crescer e sair da pobreza. Talvez fosse influência dos filmes da Sessão da Tarde em que eu via as pessoas ficando ricas na bolsa de valores. Isso sempre permeou o meu imaginário.
Aos 18 anos, comecei a trabalhar como office boy juntando tudo que eu podia e não podia. Depois, fui trabalhar como operador de telemarketing. Só que o dinheiro do salário não dava para pagar a mensalidade da faculdade. Pedi transferência para o turno da madrugada por conta do adicional noturno. Estudava de noite, trabalhava de madrugada e dormia durante o dia. Foi assim durante mais de dois anos. Só no final da faculdade que eu pedi demissão e consegui um emprego na área de Telecomunicações para trabalhar e dar aulas. Existia um boom das Teles nos anos 2000 e, com a abertura deste mercado, o setor estava bombando.
Tinha na minha cabeça: se nasci pobre, vou ter que trabalhar dobrado. Então, trabalhava e dava aula. Tinha sempre dois empregos para ter dois salários e poder correr atrás, tirar a diferença. Trabalhei na antiga Telemar durante um tempo. Depois, fui atuar especificamente com educação em uma empresa de tecnologia onde criei o departamento de educação e treinamento. Dava treinamento aos clientes e nas unidades. Rodava o Brasil inteiro dando treinamentos. Em universidades e até em plataforma da Petrobras em alto mar.
Mas chegou uma hora que encheu o saco e decidi fazer uma coisa para escalar. Decidi empreender e abri uma loja de informática. Um pouco depois, passei no concurso do Banco do Brasil porque eu e minha esposa queríamos ter uma filha. Ela já trabalhava no Banco do Brasil e, na época, namorávamos. Achei que lá todo mundo crescia e ganhava dinheiro e fui porque tenho sangue nos olhos.
Fiquei lá cinco anos, mas no segundo ou terceiro ano, entendi que o banco não era pra mim. Era pequeno pra mim porque eu tentei ser educador e ouvi: “Não, você precisa ter 20 anos de banco”. Eu tinha formação e era melhor do que todo mundo lá dando aula porque tinha muitos anos de experiência em sala de aula. Cheguei a dar aula em comunidades carentes como professor voluntário. Já tinha feito um monte de coisas. E comecei a construir a minha saída do Banco do Brasil. Fiz o MBA porque queria viver de mercado financeiro. Especificamente, bolsa de valores que é o que sempre me fez brilhar os olhos. Eu já investia, fazia trades, fazia tudo, já era analista CNPI. Já operava, mas eu queria mais.
Já havia construído minha independência financeira nos últimos 18 anos desde aquela poupança aos 17 anos até os 35 anos. Foi quando aceitei o convite da Modal e me mudei para São Paulo que era uma exigência deles. Trouxe a família. Mas acabei pedindo demissão porque não cumpriram o que tinham prometido. E me dediquei exclusivamente a dar aulas. Foi quando comecei com a Nathalia Arcuri. A gente já era amigo porque ela também trabalhava na Modal.
No colo do pai que sempre incentivou os estudos: "Estudei uma boa parte do tempo em colégio particular porque meu pai se humilhava para as freiras para pedir bolsa" (Foto: Arquivo pessoal)
CFN: O mercado de Fundos Imobiliários cresceu no ano passado em número de investidores. Ainda é um número menor em relação ao mercado acionário, mas o crescimento é consistente. Qual o potencial que você vê nesse segmento FII e como isso vai ao encontro do seu público?
EM: O ponta pé inicial dado pela Nathalia quando criou o canal do Youtube que democratizou o acesso à informação de educação financeira de uma maneira fácil puxou uma legião de educadores financeiros. Antes, o conteúdo estava em lugares muito pontuais, como o Cerbasi fazia. Eram coisas muito tímidas ainda se a gente fala para públicos realmente grandes. Na literatura, os livros até falavam para bastante gente, mas não dá para comparar com o alcance de dezenas de milhões de pessoas por mês que os educadores têm hoje. Isso desmistificou muita coisa nos investimentos.
Mas outra coisa muito importante é, novamente, aquele balé da taxa de juros. Porque quando a taxa de juros está baixa, ela força as pessoas em direção à renda variável. É natural e normal. E isso acontece em todos os países do mundo. A gente teve uma queda significativa da Selic que chegou a 2% e isso forçou todo mundo a se mexer em um curto espaço de tempo. Infelizmente, a queda não durou muito tempo. Mas durante um ou dois anos, a gente teve um movimento muito forte de pessoas buscando alternativas. E os Fundos Imobiliários acabaram sendo mais pedagógicos por dois motivos: se você está falando de um fundo de tijolo, sabe exatamente o que está comprando. Você pode ir lá ao prédio, alisá-lo e abraçá-lo.
A minha filha, por exemplo, gosta do Cidade São Paulo, um shopping na Avenida Paulista, e do Jardim Sul. Ela tem cota de Fundo Imobiliário e, quando tinha 8 anos, eu falei: "Você é dona de um pedacinho desse shopping". E completei: "Você vai receber um pedacinho do aluguel que essas lojas pagam ao shopping porque você também é dona dele". Ela me falou que só queria shoppings com lojas cheias para receber mais aluguel.
Eduardo Mira: "A minha filha, por exemplo, gosta do Cidade São Paulo, um shopping na Avenida Paulista, e do Jardim Sul. Ela tem cota de Fundo Imobiliário" (Foto: Arquivo pessoal)
É muito fácil de entender no que você está participando e que faz parte de uma coisa muito fácil e didática. Além disso, tem o pagamento constante e mensal dos dividendos. Então, você tem a recompensa quase que imediata daquilo que você fez. Comprou uma coisa, no dia seguinte está recebendo dividendos, um pagamento por aquilo ali. E nos meses subsequentes, você também recebe sem fazer nada. Só teve aquela atitude uma única vez.
Aí, é muito fácil você entender o propósito dos Fundos Imobiliários. Para aquela pessoa que é leiga, é muito fácil. É um produto de fácil absorção pelos leigos porque você entende de uma forma muito simples de onde vem o dinheiro que está recebendo. Quando a gente fala do mercado de ações, tem diversas nuances e possibilidades riquíssimas pelas quais eu sou completamente apaixonado. Só que você leva muito tempo para entender e o mercado exige uma profundidade maior.
Os Fundos Imobiliários, na minha visão, são essencialmente a melhor forma de investimento para o leigo. Mas é para investir só em Fundo Imobiliário? Não. Não precisa. Mas qualquer leigo consegue fazer um investimento e obter uma renda, além de se acostumar com essa renda mensal e constante que vai fazer toda a diferença na vida das pessoas. Você pode começar com muito pouco, pequeno, e aí construir o seu patrimônio.
Eu acho que a gente tem poucos investidores, embora já seja um número bem expressivo. Ainda tem muito para crescer. Mas talvez seja o melhor produto de renda variável para quem está começando por conta dessa facilidade.
Eduardo Mira: "Já havia construído minha independência financeira desde aquela poupança aos 17 anos até os 35 anos" (Foto: Arquivo pessoal)
CFN: Qual vai ser o seu papel no Clube FII?
EM: Sócio porque eu comprei um pedaço. Isso, naturalmente, me joga no conselho. A minha visão de negócio enriquece o Clube FII. Isso foi algo que, naturalmente, me trouxe para cá. Eu sempre falei com o Rodrigo, o Guinle, o Thiago Otuki sobre os caminhos para crescer mais. Não era bem consultoria porque a gente é amigo. Agora, vou fazer isso de uma forma mais intensa. Vou produzir conteúdo e participar das coisas. Vou coordenar um curso para lançamento em março para ser o mais completo do mercado com aulas dadas por todos os especialistas do Clube FII. É um time fantástico.
E a gente está implantando a ideia de ter uma escola imobiliária com cursos voltados para esse segmento e outros do Clube FII.
2023 marca a virada do Clube FII para novos serviços, novos produtos e também para ampliar o que já é oferecido pela plataforma.