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    Donald Trump inicia seu segundo mandato com nova guerra comercial

    Especialista conta que os efeitos das taxações, principalmente no México, podem reverberar positivamente para o Brasil, apesar das ameaças de taxação de 100% aos países do BRICS

    Por SiiLA
    quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025 Atualizado

    Desde o dia 20 de janeiro de 2025, o empresário, personalidade pública e político republicano, Donald Trump, se tornou, pela segunda vez, o presidente dos Estados Unidos. Polêmico, Trump segue a linha de "America First" (em português: América em Primeiro), principalmente em seu segundo mandato, que, em menos de um mês, iniciou uma guerra comercial com diversos países.

     

    Apelidado de "Tarifaço", a nova política tarifária do 47° presidente dos EUA impôs diversos impostos em produtos dos vizinhos México e Canadá, sob a alíquota de 25%, e para a China, atual e principal inimiga, 10%.

     

    Donald Trump inicia seu segundo mandato com nova guerra comercial
    Donald J. Trump, presidente dos Estados Unidos da América

    México e Canadá reagiram com retaliações tarifárias, mas, ao longo desta semana, ambos os países chegaram a acordos com os EUA, o que, inicialmente, adiou a aplicação das tarifas.

     

    A suspensão mexicana foi anunciada nessa segunda-feira (3), pela presidente do país Claudia Sheinbaum, que firmou uma parceria com o governo estadunidense. Já o primeiro-ministro canadense divulgou um plano fronteiriço, com investimento de US$ 1,3 bilhão, para controlar o tráfico de fentanil na região, além de reforçar a segurança com helicópteros, tecnologia e funcionários.

     

    Os aliados da União Europeia também enfrentaram ameaças de novas taxações, assim como os países do BRICS, grupo econômico do qual o Brasil faz parte, embora não tenham ocorrido ações concretas até o momento.

     

    Qual o impacto no mercado logístico da América Latina?

    Dados da SiiLA mostram que, no México, uma a cada três empresas que ocupam imóveis logísticos são de origem americana. Entre 2023 e 2024, 65% das empresas dos EUA que já operavam no país expandiram sua área ocupada nesse período. Além disso, o efeito do nearshoring tem impulsionado a demanda por espaços logísticos, especialmente por parte de empresas asiáticas. Atualmente, a SiiLA monitora mais de 150 empresas chinesas operando no México, um número que vem crescendo desde 2020. Hoje, 57% das empresas de origem chinesa que ocupam galpões industriais no país não estavam presentes em 2020. Geograficamente, essas empresas demonstram uma clara preferência pelo norte do México, com mais de 60% delas concentradas em mercados-chave como Monterrey, Tijuana, Saltillo e Ciudad Juárez.

     

    "O aumento das empresas chinesas operando no México pode ser atribuído a três fatores principais: primeiro, o nearshoring, que tem levado as empresas a deslocar sua produção para mais perto do mercado dos Estados Unidos, a fim de reduzir custos logísticos e tempos de entrega. Segundo, as tarifas impostas pelos Estados Unidos desde 2018, que tornaram as exportações diretas da China mais caras, posicionando o México-sob o USMCA-como uma plataforma ideal para acessar o mercado americano. Por fim, a localização estratégica do México, sua infraestrutura industrial robusta e custos operacionais competitivos, que contrastam com o aumento dos custos trabalhistas na China, tornando o México uma opção mais lucrativa para a manufatura pesada voltada para a América do Norte", analisa Alejandro Delgado, Country Manager Mexico da SiiLA.

     

    O professor de geopolítica do Laboratório de Pesquisa em Relações Internacionais da FACAMP, James Onnig, explica ao Resource que a taxação de 25% é elevada, mas pode abrir oportunidades para o Brasil.

     

    "As possibilidades existem, em maior grau, na exportação de produtos do agro e, em menor grau, na exportação de produtos industrializados. Dessa maneira, o Brasil poderia ocupar o espaço do México. No entanto, aplicar essa tarifa sobre os produtos mexicanos, que estão mais próximos geograficamente, e não aplicar tarifas ao Brasil, acabaria dissipando um pouco essa situação, pois o custo de transporte do Brasil é maior. Então, existem muitas variáveis", observa Onnig.

     

    O professor também comenta que a situação para o Canadá não é muito favorável, devido ao seu perfil de exportação. "O Canadá possivelmente terá as consequências mais negativas, porque o país exporta produtos industrializados e uma pequena parte de produtos de commodities, todos ligados ao setor de petróleo e gás", esclarece.

     

    BRICS

    Na posse, Trump reafirmou a intenção de taxar os países que fazem parte do BRICS em 100% caso sigam com o plano de desdolarização, uma ameaça que já havia sido proferida durante sua campanha. Os países em questão são: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além dos novos membros, como Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Indonésia.

     

    O conceito de desdolarização já vinha sendo discutido há tempos dentro do bloco econômico. E não foi só a criação de uma nova moeda que desagradou o governo estadunidense, como também a possível criação de uma alternativa ao sistema de transações internacionais, o SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication), o qual a Rússia está impossibilitada de usar desde o início da guerra contra a Ucrânia.

     

    "Efetivamente, isso mexeu com o governo americano, então ele prometeu retalhar os países que boicotarem o uso do dólar nas transações internacionais. Essa promessa feita por Trump pode realmente se concretizar, e como consequência, nós teríamos dificuldades em comprar produtos dos Estados Unidos", comenta Onnig.


    Com a ampliação de países membros no grupo, o professor acredita que a taxação pode se complicar, visto que o BRICS deixou de ser composto apenas por cinco países. O chamado Sul Global está desenvolvendo sua própria indústria, o que poderia gerar um impasse.

     

    "O impasse é sério e é fruto da decadência da economia estadunidense, que nos anos 80 permitiu a transferência do setor produtivo para a Ásia, mas não conseguiu reindustrializar seu país, o que agora lhe faz falta. Esse impasse deve durar, mas com certeza os BRICS serão retalhados caso o processo de desdolarização siga em frente", finaliza Onnig.


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